31 de dezembro de 2020

Que ano foi esse?

Não gosto de retrospectivas, quando me percebo vendo memórias, costumo correr disso, sou uma pessoa assombrada com o passado, o aprendizado que ele me traz já é iminente ao presente em que vivo, talvez por essa aversão, costumo seguir caminhando.


Se fosse definir esse ano em uma palavra, usaria "julgamento" pois foram nossas atitudes postas em questão o tempo inteiro, desde listas de como ser uma pessoa melhor, padrões, modelos a vigorarem conforme o teor de stablishment social e a despeito de contextos sutis de aprendizado que somente fazem sentido no corre de cada um.

Ironizo as regras, faço delas piadas, pois sinto que elas não ensinam nada, te deixam estático, mórbido dentro da própria redoma de certezas, são conjuradoras naturais do medo. Então por que criamos e amamos tantas regras? Por que precisamos ter controle de tudo? 

O menor valor que poderia dar às regras seriam vislumbres de sinalizações no meio de um trajeto, onde posso ver o caminho em que seguirei. Dali em diante, é comigo, não preciso carregar essas bandeiras, o que elas já tinham ensinar foi ensinado.

A vida é tão fluida. O aprendizado real é aquoso, não rola de você segurar um saber. Você pode até tentar carregá-lo por um tempo, mas depois vai se evaporando, vira ar, ou escorrega pelas beiradas. O conhecimento se instala sem previsão e sem pressa, granula-se pelas células sobre nossa realidade, assim como um vírus que entra em nosso corpo sem pedir, sem seguir regras.

Um vírus aprende sua lição no momento propício, depois se desvanece, vira outro vírus mais forte, ou é destruído por imunizantes. Se um ser tão pequeno pode nos ensinar tanto, por que fazemos questão em apontar os passos de nossos semelhantes? E se fossemos um vírus? Quem criaria regras para imunizar o planeta? 

Seres microscópicos tem muito a aprender com microrganismos.